terça-feira, 11 de dezembro de 2012

PALAVRAS DADAS


08-08-2012

De letras e acentos se formam palavras
Que articuladas a preceito
Transmitem ideias e o que se sente
Como nuns versos dum fado.
Nem sempre ditas com acerto
Podem tornar-se (mal)ditas
Palavras dadas ao desbarato
Sem exprimirem sentimento
São palavras vãs e vazias
Que o vento a todas leva
São pedras, são lanças, são balas
Que nem sempre se querem dar
Não se pára, não se pensa
Vêm com a raiva e o desvario
Com o ciúme e a obsessão
Com a mágoa ou o rancor
São marca de um momento
Que ficam permanentes e eternas
Em quem as recebeu e doeu
Talvez o tempo as dilua
Ou talvez a morte as leve consigo.
Palavras bem entoadas
Acompanhadas de colcheias e semi-colcheias
Formam belas melodias
Mas palavras dadas em contra-tempo
Perdem seu sentido e seu rumo.
Dependem muito as palavras
Da mente de quem as cultiva
Como um grito sereno e pacífico
De quem clama por ter um sonho
Pela igualdade e pelo homem livre
De preconceitos e de cor, raça ou credo.
Ou como a verborreia demente
Que arrasta multidões e fúrias loucas
Em delírio e intolerância
Que manipulam, agitam e exterminam
Tantos outros seres inocentes
Com a palavra dada se fizeram
Acordos, contratos e casamentos
Palavra nobre de honra e de ouro
Tantas vezes enxovalhada
Desprovida do seu valor.
De palavras dadas, ditas ou escritas
Se construíram doces amores
E tantas dadas a destempo
Esfumaram a esperança de um amor.
As palavras dadas ou soltadas
De nada valem isoladas
Se não forem  acompanhadas
Pelos gestos e atitudes que apregoam
Mais vale não dizê-las
E ao invés tomá-las.
Nem sempre as palavras dadas
São entendidas como rosas
Mesmo que tenham sido colhidas
No mais belo jardim
Com vontade e sem intenção 
Têm espinhos que assustam
Causam medo e receios
De outras palavras antes dadas
Por outras mãos e bocas
Pela dor que causaram.
Mas afinal...
Tal como as palavras dadas
Todas as rosas têm espinhos.