terça-feira, 18 de outubro de 2016

Vento do Norte

Com o advento dos nebulosos dias de Outono,
Vieram juntas as memórias de antanho,
De infâncias minhas e dos meus,
Revolvendo os pensamentos e ideias.
Vou discorrendo o correr do tempo, da vida,
Repleta de alegrias, de tristezas, de melancolias,
De melodias doutros tempos,
Cantaroladas enquanto os rebentos adormecia,
De histórias de encantar, para seus encantos,
Relembrando aqui e ali, os meus próprios desencantos,
Fruto de decisões, de esperanças e ilusões,
Que sem eira nem beira, ao longo do tempo,
Vou questionando as razões do seu efémero assento.
Decerto foi por amor a vós, frutos do meu sémen,
Esperando o reencontro da razão da árvore plantada.
Mas o tempo é inexorável, não colhe ervas secas,
De afectos que não sobraram, só a labuta da minha ceifa.
Vai chovendo, e vão as nuvens cobrindo a luz,
Do sol que tarda em aquecer, corações frios e almas molhadas.
As estações nem sempre são constantes,
Na inconstância de tantos seres, em que hoje um sorriso brota,
Amanhã um esgar rugoso da testa, apreensivo e cinzento,
Como se o caminho de suas vidas, feito num labirinto,
Se deparem em cada esquina, e em cada momento,
Encruzilhadas e ruas incógnitas, no sentido e declive,
Umas vezes avançando rápido, seguindo o coração,
Outras recuando de seguida, dando voz aos pensamentos,
Soltos, adversos e inconstantes, ao sabor da brisa,
Ou do vento do norte que assola, e tolda o coração!