sexta-feira, 27 de abril de 2012

CHUVINHANDO

26-04-2012

Não são tormentas nem tempestades
Não alagam nem afogam
São bátegas que vêm e vão
Umas vezes deixam outras não
O sol brilhar e aquecer
Molham e deixam rasto
É um momento continuado
Que ao longo do tempo discorre.
Nos campos sacia a sede,
Florescem as árvores, crescem os rebentos
Abrem as rosas recolhem-se os pardais
Mesmo a destempo vem a tempo.
E na alma essa chuva miudinha
Não provoca descalabros nem desatinos
É um lágrima ou são mil que escorrem
São momentos que sem lamentos ocorrem
É a tristeza que vem sem saber
Vai e volta ao sabor do vento.
É o estar só no Rossio cheio de gente
Até encontrar aquele velho amigo
Que de contentamento nos quedamos
Logo se esquece essa chuvinha molha tolos
Que tanto arrefece e nos tolda
Como se a luz do sol de repente
Por entre o cinzento das núvens e das lágrimas
Voltasse de novo a sorrir e apetecer cantar e pular.
Logo mais à despedida quando a noite chegar
Já com as flores a descoberto e o fruto encarnado
Não se recorda nem se vislumbra
Nem pingo de chuva ou dos olhos
A saia, o véu e o casaco secaram
Os olhos secaram e voltam a brilhar.
De novo a terra fica pronta a trabalhar
E o coração ritmado a funcionar
Foi assim chuvinhando no tempo
Que deu afinal alimento e alento,
Deu vida ao pasto seco e sedento
E alívio àquela rajada de alma triste.


quarta-feira, 25 de abril de 2012

25 de Abril – É agora

Nessa manhã revolvida de Abril
De sonhos e alentos perdidos
Uma menina seus olhos despertou
De espanto
Incrédulos
Surpreendidos
Seria verdade,
Seria sonho
Que finalmente dessa longa noite
Escura como o breu,
O pesadelo de podre tombaria?
Correu pelas ruas não mais desertas
Não cinzentas como no outro dia
Mas cheias de alegria e esperança
De um povo digno mas tão sofrido
Um mar de gente se juntava
Abraçadas sem se conhecerem
Unidas na mesma vontade e desejo
De cantar e sentir a liberdade
Tão presa e tão oprimida
Trazida pela coragem e generosidade
De soldados filhos desse povo
Conduzidos pelos ramos de um Salgueiro
Ao abrigo e à sombra de uma azinheira
De contente e embriagada
Pela sofregridão desejada e sentida.
A menina pulava e ria
Seus caracóis ao vento esvoaçavam
Descalça pela calçada procurava
Um presente uma dádiva
Um gesto de gratidão
Para que nos canos das espingardas
Não troassem balas nem fogo
Mas o amor e a paixão
que entre todos se partilhava.
Não foram rosas nem cardos
Foram cravos que encontrou
Colheu, ergueu e colocou.
A menina foi crescendo desenvolta
Excessos alguns dizem que cometeu
Próprios da adolescência e juventude
Que esperavam de uma criança
Que viveu anos a fio oprimida e reprimida?
Mas foi por entrega e por bem querer
O bem dos seus como a si mesma
Piores os devaneios calculados
de corruptos e instruídos.
Foi lutando foi experimentando
Ora à esquerda ora à direita
Nas promessas de uns acreditando
Nas vãs ilusões de outros perdida
Não é esse o sentido e o caminho
Duvidava a criança confundida
olhando o rumo tomado
Era em frente que queria seguir.
Tornada adulta a doce criança
O amargo de tantas desilusões
Foi tornando a sentir no sonho perdido
Da liberdade, dignidade e do seu próprio pão
Não são apenas os direitos adquiridos
Que de novo corvos e vampiros tomaram de assalto
São não mais nem menos
Que a recompensa acordada do seu esforço
Do seu trabalho e sua justiça
Árduamente feita ao longo dos anos
Que quem devia não soube gerir.
Ó criança que tanto cresceste e viveste
Onde páras neste momento?
Estarás esquecida como tantos
Dessas promessas de Abril
Acomodada pelas opulentas regalias
De costas voltadas aos seus
Ou estarás por aí esquecida entre muitos
Perdida nesse mar sem faina
Sem esperança sem de novo olhar a luz?
Acorda criança renascida
Criança rejuvenescida
Volta a correr pelas calçadas
Faz juz ao teu nome Democracia
Pois foi no amanhecer desse dia
Que encontraste o sentido de um povo
Pega nas “armas” novas que tiveres
Dá voz à tua indignação e à tua revolta
Exalta teus brandos costumes
Cala de vez e verdadeira justiça faz
A todos os abutres que espreitam
Já não pela calada como outrora
Mas descarada e à vista.
O teu salgueiro já definhou,
Espezinhado e humilhado
Por tolos cinzentos que tudo sabem
Menos a verdadeira razão de ser.
Procura criança novos caminhos
Novas árvores onde te agarrares
Novos cravos, novas flores
Não te deixes enganar
Tens força, és guerreira.
Recupera a dignidade
Recupera o teu jardim!


sábado, 21 de abril de 2012

TIC-TAC (o tico e o teco)

21-04-2012

Há em todos nós
uns sempre
outros num alegado tempo
dois bateres diferentes
no relógio da nossa mente,
não é por defeito
mas por qualquer outra razão
que uma vez faz tic
logo a seguir faz tac,
umas vezes diz que sim
outras diz que não,
chega a noite e diz que quer,
vem o dia e já não quer,
dum lado mora o anjo
do outro logo ali à espreita
o diabo quer morar,
no meio está a tua intuição
o teu tino 
e o teu ritmo
quanto baste,
quer falar a razão
e calar a voz do coração,
mas a razão por vezes
tem razões
que ela própria desconhece,
nem a lógica a encontra,
quando digo tu
digo eu também,
habita em nós ao mesmo tempo.
nuns torna-se um hóspede,
noutros ordem de despejo,
um e outro se contradiz
lança em nós a confusão,
vem um diz que a razão chama,
outro que leva noutro sentido,
esquecendo aquele que diz
que apontando um dedo,
tem outros três que lhe apontam.
E este tic-tac permanente,
que umas vezes é favo de mel,
outras o travo do fel,
só pára e acalma,
quando o coração sentido
deixar de o medo sentir
e trocar as batidas
por outras mais seguras.
Qual deles irá vencer?
Aquele que cada um de nós
mais a fome alimentar! 


MULHER VULCÃO

21-04-2012

És pecado original proibído
de olhar fatal perturbador
que penetra fundo e embriaga
deixando em êxtase todo o sentido,
tens fogo que lavra num ardor
permanente que nos esmaga,
és lava és seiva onde escorre a líbido
percorrem minhas mãos com fervor
p’los teus montes e vales naufraga
beijos, carícias, paixão, desejo concebido
em teu corpo e sulcos faço amor
em teus olhos me enfeitiço e apaga
todo o passado e momento vivido
a tua boca e saliva troco arrebatador
meus lábios com prazer tudo alaga
soltam-se as tuas amarras e sonho prendido
conquista e liberta esse vulcão tão sedutor
perdem-se os desejos na razão que divaga
vem mulher alimentar esse fogo acendido
deixa explodir toda essa tua lava
que em ti oprimida causam tanta dor.


sexta-feira, 20 de abril de 2012

ANJO DECLAMADO

20-04-2012

Um anjo esta noite me visitou
encarnado nas tuas palavras
na tua poesia e sentimento,
poisando p’las asas dos teus desejos
dores, anseios e alegrias
me trouxe todo o teu encanto
e comigo foi ficando
num livro aberto e exposto.
Cantei-as com devoção,
sentindo em mim o teu sentir,
como se fossem minhas as tuas palavras,
que emoção que degusto,
que alma nova reencontrei,
lendo e relendo o teu ser,
no teu âmago me entranho
entendo e embalo noite adentro,
escuto tua doce e terna voz,
clamando baixinho o teu querer,
a memória que volta e revolta,
essa vontade de viver e amar,
que no tempo há-de voltar.
Ouvindo-te assim clamar,
de voz embargada fico
apenas
uma lágrima me escorre por te sentir.
Eu te acompanho eu te levo
no meu dorso e galope,
meus pastos te dou por inteiro,
minha água minha seiva te entrego,
não me cansa este correr,
é por gosto é por tudo,
que tudo faço assim.
Meu sangue é teu minha alma te dou,
outras palavras tenho de guardar,
do meu sentimento calado,
tanto desse teu querer meu anjo,
visitado e elevado,
sinto eu dentro de mim,
talvez um dia o encontres,
guardado fica no meu cofre,
o segredo fica entregue,
no outro que há em mim,
seguro e disposto na mão que dá,
que se abre e se te estende.


quarta-feira, 18 de abril de 2012

18-04-2012

Tanta gente,
tantos conhecidos
e aqueles bons amigos,
tanta família,
tanto se dá
tanto se oferece,
não por misericórdia
menos por obrigação,
apenas devoção
de tanto amor e carinho.
Não pelo retorno,
não pelo reconhecimento,
não pela glória,
não pelo conforto,
apenas porque é assim.
Corre corre,
tanta luta,
tanta dor e angústia,
mesmo por ti meu irmão,
que sofres mais que eu,
que menos tens do que eu,
do nada que sou,
um grão nesta engrenagem,
uma partícula entre tantas.
Feliz em poder dar,
em realizar sonhos,
dos que se amam e se quer,
porque às coisas e a esses,
o amor e a paixão,
se dão mesmo doendo,
só o amor dá sentido,
seja só ou unido,
sempre assim foi e será,
coração que dei e se foram,
coração e alma e tudo em mim,
que entrego e não o querem,
pois se nem o meu comando,
sonhos meus que não aparecem,
neblinas que turvam
aquele amor e aquele sol,
aquela melodia que sorri,
que tanto aquece
como arrefece.
Não é mártir, não é herói,
não é fraco nem é mole,
é forte a sua coragem,
nem à piedade se submete, 
é leal a sua dádiva
e assim vai continuar,
mas há sempre aquele momento,
não de desânimo
ou desalento,
mas tristeza de só ele lutar,
solidão no meio de tanta gente,
solidão que traz consigo,
aquele cansaço vazio,
de parar uns momentos,
fechar os olhos e adormecer,
só, 
no seu canto,
no seu espelho se olhando,
no seu leito e no seu sentir,
talvez uma lágrima saiba bem,
saber ao sal que conforta,
que alivía e transporta,
de volta ao sonho sonhar,
e um canto de novo ouvir.


segunda-feira, 16 de abril de 2012

TRAÇOS

16-04-2012

São linhas contínuas
coincidentes ou paralelas,
disformes ou conforme
desenham em papel
no ar, na areia,
círculos mágicos
triângulos obtusos,
ou quadrados
rectangulares ou escalenos.
Traços são marcas
da vida e do carácter,
dispostos também eles,
em grupos coniventes
no mesmo valor coincidentes,
ou de princípios divergentes
em ocorrências paralelas,
que se juntam no infinito;
uns não desenham,
mas desdenham,
definindo suas linhas, seus horizontes,
também eles obtusos,
quadrados ou redondos,
de traço erguido ou descaído,
conforme seguem dignos
ou do peso destruído,
aqueles de horizonte vasto,
estes de vista curta,
limitada e definida.
Todos os traços são marcantes
das linhas com que se cosem,
definem caminhos e rumos,
uns rectos outros sinuosos,
conforme as pedras no caminho,
traços em semi-rectas
que algures se desdobram
em encruzilhadas e escolhas,
outros em rectas sem fim
uns por seguirem seu destino,
outros por desnorte confusos
sem atinar a direcção
perdidos no tempo,
perdidos nem sabem onde.
De traços são ainda as linhas
que  definem a minha e a tua mão,
linhas da vida e do amor,
da saúde e da fortuna.
umas mais curtas outras longas,
onde a cigana encontra
o que o coração tanto procura,
lembrando o passado desafortunado
e o futuro sempre risonho
cheio de esperança e mais traços.
De traços bem visíveis
são as rugas do teu rosto,
que são a prova final
de que a vida valeu a pena,
são as marcas sentidas
da tanto rir e tanto chorar,
que belas que elas são,
são sinal do sentir
de coração e alma cheia,
que as vazias não as têm.
Como lembro também,
as rugas desses marinheiros,
traços da luta e da labuta,
da tez ao sol se batendo,
do sal do mar desbravado
e das horas, dias e dias
sofridos e mal dormidos,
procurando na sua lide
o sustento e a razão,
chorando lá longe no mar,
o coração em terra, que saudade.
Como as rugas por fim,
dessa camponesa bravia,
ou daquele moço franzino,
que pelas searas adentro,
desse imenso Alentejo,
vivem o trabalho de sol a sol,
de enchada e foice na mão,
ou no traço longo de uma vara,
varejando as azeitonas,
ou ripá-las por entre os ramos.
Rugas de uma vida de tantos traços,
cujo destino lhes traçaram,
por mais linhas se desfaçam,
não têm volta a dar.


JARDIM ENCANTADO

15-04-2012

Cantando um rouxinol és tu,
rouxinol que tão bem cantas,
teu cantar em silêncio ficou,
teu olhar ficou suspenso ,
alerta e assustado,
que antes tanto brilhava.
Tua penugem vislumbrante
cujo porte transparece,
mantem tuas asas sublimes.
Não percas a vontade belo rouxinol,
logo logo teu lindo canto
de novo se fará ecoar
por entre as árvores e o vento,
por entre serras e mar,
pelo rio adentro.
Desfolhada és uma flor
uma rosa que se abre,
que encanta qualquer jardim,
no meio de outras flores
és a única que sobressai
se eleva e anda,
na graciosidade de uma gazela,
ou presa no cabelo liso e dourado,
de trage dançante e perfurmado
transformando uma dança,
num alegre compasso de espera
de meus jardins suspensos
do olhar cativante
do sorriso penetrante
que tuas pétalas vais deixando
por todo o lado que passas.
Sim rouxinol de meu jardim,
não temas na gaiola ficar,
tua liberdade é suprema,
de voar e cantar.
E quando és flor abençoada,
teu florir e tua sede
serão sempre saciadas
regada todos os dias,
cuidada e protegida,
para que possas continuar sempre,
a encantar e brilhar ao sol,
neste jardim encantado!


domingo, 15 de abril de 2012

DANÇA DO TEMPO

15-04-2012

Nas linhas do tempo
se traçam destinos
se desafiam desejos
se desfilam horizontes,
perdidos no tempo
perdidos nos sonhos.
Destinos por mim traçados
desejos por mim almejados,
perdidos algures no tempo,
pelos  tempos idos
pelos tempos presentes,
que marcam horizontes indefinidos.
Indefinidos pela memória
de uns e de mim,
dos meus tenho-as guardadas
em linhas de nós desatados,
dos outros não defino eu
não os posso nem os devo,
por mais vontade e desejo,
apenas seguir ao longo do tempo
acertando o meu compasso,
entregando o meu passo,
com a simplicidade de um aprendiz

e a humildade de um mestre.
Transporto a minha arte
com verdade e sem mistério,
o meu tempo é a descoberto,
sem medo sem ocultação,
a minha palavra e o meu gesto
marcam com naturalidade
o tempo de hoje e o de agora,
como reflexo num espelho.
Em todo o tempo que dura,
há meios tempos que se cruzam,
como círculos abstractos,
da vida de todos nós,
dos sonhos e desejos
que se querem e se tocam,
nem sempre no mesmo ritmo,
nem nos tempos de cada um.
Será pelo tempo inseguro,
indefinido ou temido,
ou será pelo tempo ter medo
de sentir o que tanto se quer,
agarrado ainda a outros tempos,
ou a conceitos que o tempo definiu?
Alguém um dia disse,
“que muitos sonhos se perdiam,
uns por não se seguir o seu caminho,
outros pior ainda,
por medo de os conseguirem”
Tempo perdido?
Não o creio quando se acredita!

O tempo o define!
Porque ele é juíz e decisor,
é doutor e carpinteiro,
é santo e é sábio,
e sem ser charlatão,
opera milagres e tudo sara!






sexta-feira, 13 de abril de 2012

CAVALGADA NO TEMPO

13-04-2012

Bem no meio da pradaria,
ou de um planalto palco de um ensaio
que transforma cenas em nossas vidas
nasceu um potro um dia,
cresceu e ganhou corpo
num cavalo se tornou,
ávido de saber e de louco também,
daquela sã loucura de sentir,
de crina ao vento desalinhada,
num trote desenfreado
pela ânsia de correr e viver,
pela vontade e pela liberdade,
por entre montes e vales
pelas areias da praia
sentindo em suas crinas
o cheiro calmo da maresia
o suave embalar das ondas do mar.
Entre os seus se diferenciou,
ganhou asas e foi voando,
entre a manada a líder chegou
seu tempo marcou e deixou.


qual Ícaro sonhador,
tentado pelo calor do amor,
não pelo poder da soberba.
Entre o sonho e a realidade,
esperanças e alegrias foi dando,
contrariando o que lhe diziam,
por entres outros da manada,
aos seus sonhos se entregava
se dispunha e se dava,
não por ser de fácil adestro,
nem de fracas sujeições,
mas por ser assim o seu crer,
por ser assim a sua essência.
De retorno seus semelhantes,
seus amores e desamores,
o admiravam e o sentiam
não o queriam magoar diziam,
mas é assim que faz doer,
e por tal carisma e bondade,
preferiam nele ter o seguro amigo,
o cavalo à solta
pronto a qualquer momento,
de as guiar e levar
pela pradaria correr e saltar,
com medo de assumirem
de perderem as rédeas que são suas,
medo que suas passada as pudessem limitar
como outros cavalos da manada
que lhes cortam essa liberdade,
e é assim que ele cresce sofrendo.
Mas oh Manitu das pradarias,
Oh Orixás da selva Africana,
não vedes que sendo cavalo,
tão amante da liberdade,
a vossa liberdade quer manter,
e o vosso atento e alento respeito?
Que a lealdade de um cavalo
se vê ao desprendê-lo,
libertando-o nos espaços abertos
onde cavalga e se solta,
para de novo voltar?
Por querer e gostar?
Que assumir qualquer verdade é libertar-se
dos complexos dos outros,
é ficar livre em si mesmo,
no que a sua intuição e querer,
a vontade manifestar.

Procurando seu rumo, seus traços
seus caminhos e labirintos,
calmamente vai trotar,
sua fúria seus adventos,
suas dores e seus compassos,
erguer suas patas num relinchar,
de crina e cabeça erguida,
preparar seu galope.
Mudar sua entrega e sua forma de cavalgar?
Questiona-se o cavalo muitas vezes,
na manada dizem que sim,
“faz-te difícil, não te disponibizes tanto”,
mas adulterar-se em vão,
deixer de ser e sentir o que é?
Talvez troteando na areia da praia,
nas asas do vento trazidas do mar
ele encontre resposta!


quarta-feira, 4 de abril de 2012

FOI POR TI MEU AMOR

04-04-1985


Foi para ti meu amor que eu nasci,
para te dar de mim toda a minha essência,
todo a força e entrega do meu ser,
e foi por ti meu amor que eu vivi,
que aprendi o caminho árduo do querer
e descobrir em ti a razão da minha existência.

Encontrei no meu longo caminho,
retalhos e pedaços de ti,
do ser e da mulher,
que desde cedo reconheci que eras tu.
Sem te ver remaste e rumaste ao mar,
num oceano de outras marés,
onde ondas e bátegas tua alma latejaram
mas foi por elas que és quem tu és.

Em terra fui feliz e tive os meus frutos e tesouros,
que tão bem guardo no baú do meu coração
e na minha vivência,
outros rumos outros caminhos,
percorri para conhecer e aprender,
só assim aprendi o verbo Amar,
que esteve sempre presente,
mas não souberam ou eu não vi,
como se  conjugava o presente ou o passado.
Ainda bem que assim foi,
hoje reencontrei esse amor,
tão perfeito, almejado e sentido,
estava guardado para ti meu amor,
moldura e recheio completo
de uma obra-prima sem par!
Foi por ti meu amor,
que se desenvolveram os meus sentidos,
para escutar tuas ternas melodias,
tuas doces palavras,
para meus olhos se regalarem,
ávidos e deslumbrados em serena paixão,
teu olhar gracioso e sedutor,
teus gestos espontâneos e tão queridos,
sentir na pele a tua tão suave e sedosa,
poder docemente pegar, acariciar e afagar.
Teu rosto cabe nas palmas das minhas mãos,
como se para isso ambos tivessem sido criados..
Foi por ti também meu amor,
que aprendi a saborear,
para teus lábios e beijos sentir,
como dois imans que se atraiem e se colam,
numa osmose perfeita  e natural,
de eternas e mistas emoções,
de carinho, ternura, paixão e volúpia.
Teu corpo se encaixa perfeito no meu,
num abraço de ternura se entrelaçam,
de novo o carinho e a volúpia,
que serenamente seguem o teu ritmo,
os teus tempos e compassos,
da dança dos corpos,
do conforto em te dar,
de a teu lado seguros caminhar,
por ti desbravar selvas e obstáculos,
e novos calmos portos abarcares.
Ah ameu amor,
como é doce o meu encanto,
a harmonia e o sentir,
como guardo em todos os instantes,
o teu meigo e cúmplice olhar,
o toque das tuas mãos nas milhas,
e os teus lábios nos meus eternos!
Foi por isso meu amor,
que percorri o meu caminho,
que do sonho vieste real,
para saber amar-te e te sentir.
Em toda a tua plenitude!