terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

NINFA BELA E DOURADA


26-02-2013

Bem perto de mim encontrei
O tesouro que tanto procurei
Sem encontrar noutro lugar
Lá longe no fundo do mar,
Atravessei longos desertos
Áridos, secos e tórridos
Que me fizeram queimar e sofrer.
Sombras e escuridão vivi.
Encontrei-te afinal bem perto de mim,
Num lago de pedras e ouro
Deste-me o esplendor da tua luz
A alegria e gosto do teu mel
Como um maná vindo dos céus.
Via-te correr para mim
Ávida do encontro e eu
Descobrindo o que há muito
Em mim estava fechado,
Guardado para ti pensei eu.
Feliz achei meu amor,
Tesouro de ouro tão almejado!
Com tua candura e meiguice
Fizeste-me acreditar de novo,
E convenceste-me serenamente
Mudando o rumo das minha convicções
Em certezas, tantas dúvidas e contradições
Tal como outrora sentia
E o tempo devorara.
Devolveste-me a esperança do sonho,
Como um ninho a seu tempo construir
Com  gravetos de amor e carinho!
Saudades de não mais te ver correr,
Antes o temor do reencontro,
O tempo sem tempo e eu apenas,
Num desnorte sem saber
Se foi uma quimera esse ouro
Se foi uma miragem linda que vi
Num  oásis algures perdido
Daquele deserto ardente,
Pois meu peito sedento arde
Como no fogo do amor

.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

ALZHEIMER


08-02-2013

Maldito monstro que corrompes
Toda a dignidade e memória
Do que se é e se foi
Que levas oculto no teu ventre
Todas as lembranças de uma vida
Destróis o certo e o errado
Que fazem parte dum ser.
Por ti, pelos teus enleios e meandros
Tantas vezes ela pergunta e chama
Pelo outro que há muito partiu
“Onde está o teu pai?”
Por causa de ti besta incógnita e demente
Pergunta quem sou ou onde estou
Estando eu à sua beira inclinado
Acariciando seu sedoso e branco cabelo.
Criaste não sei com que propósito
Um mundo próprio e vazio
Vazio de sentir e de recordações.
Essas recordações que nos foram tão caras
Construídas com carinho e labor
Que deram razão à existência,
Vão-se apagando lentamente
Numa voracidade sem limites e sem destino.
Tornaste a força de um ser brando
Numa fragilidade mordaz e vegetal.
Transformaste a inteligência em demência,
A alegria e vontade num vazio ôco de nada.
Consegues o que nenhum homem,
Ditador ou perverso ser 
Fez da dignidade humana,
Retirar do cérebro e da mente
A única coisa verdadeiramente sua.
A liberdade de pensamento
E de agir seguindo eles em passos certos.
Tornaste a vida do dia a dia
Num morto-vivo andante
Sem rumo, sem eira nem beira.
Apareceste sem se dar por isso,
Teimas em ficar permanente!
Como ao demónio te renego,
Mas como um dragão invisível que és
Não posso como desejaria
Trespassar-te com uma espada
E enterrar-te de vez no fundo dum vulcão.
Mas podes ter a certeza
Vil monstro desprezível
Que nunca ma roubarás,
Nem de mim a separarás
Porque só algo que não conheces,
Porque és odioso e horrendo,
Te poderá combater com virtude
O amor por esse ser que irá até ao fim!