09-03-2012
Povo Amordaçado,
sim de novo amordaçado,
não das palavras e pensamentos,
mas do presente sufocado
por ignóbeis e vis traidores,
que da pátria se serviram
se prostituiram e venderam,
vendilhões subservientes
aos interesses de alguns,
não dos milhões de seres,
que compõem e partilham,
este solo sagrado,
mas doutros milhões
que vorazes e em ganância
seu juízo e senso turvam.
Creditaram sonhos e ilusões,
hipotecaram este chão,
pouco resta que a revolta,
a descrença e raiva incontida,
a fuga para quem neles acredita.
“Tira um curso para seres alguém”
que agora jaz numa moldura
sem servir para ninguém,
apenas o retrato desta realidade.
Ainda vêm cretinos e hipócritas
admirarem-se num sarcasmo,
de tal facto olvidarem,
quando seus actos e reflexos
tudo fizeram para acontecer.
O que lhes falta em humildade,
sobra-lhes em soberba.
Jovens e educadores crentes
estudaram e esforçaram-se,
com sacrifícios e desvelos
de pais que outrora emigraram,
no sonho de um dia voltar,
regressaram e aqui ficaram,
acreditando na colectiva vontade,
de um novo país,
próspero e prometido.
Jovens que seus sonhos desfizeram,
e que destruídos e desiludidos,
voltam seus olhares
para quem deles precisa,
lá longe ou algures,
onde são acarinhados,
valorizados e recompensados.
Desfazem-se de suas casas
sem jeito de as manter,
despedem-se de pais amargurados,
que já velhos é possivel
não mais voltarem a ver,
dos amigos e entes queridos,
fica a memória e a saudade,
que por entre écrans à distância,
vão revendo aos pedaços.
Pedaços arrancados dos corpos,
desfeitos por esses senhores.
Pegam nos filhos e vão,
outros futuro e rumo procurar,
não de sonhos que já aprenderam
serem apenas quimeras,
mas em condições oferecidas,
de quem bem soube gerir
todos os recursos disponíveis,
sem os utilizar noutros interesses
que não estavam orçamentados.
Já não vão os jovens aviados,
de mala de cartão na mão,
levam em pasta de executivo,
seus conhecimentos e vontade
que transportam com orgulho.
Novas culturas irão partilhar,
isentas de hábil crueldade,
onde o bem comum é regra,
e o esforço e recompensa partilhado,
por todos e não alguns.
Já não vão voltar decerto,
e seus filhos irão esquecer
este chão onde nasceram.
Não vão mais depositar créditos,
num pais que não os quis,
sobram as lágrimas e saudade,
dessas sim seremos derramados
e presenteados todos os dias.
Num país que por vontade
e proveta inabilidade,
se transforma aos poucos,
num conjunto desarticulado,
de desempregados e reformados,
de gente que a governar não soube gerir,
o esforço e trabalho de anos,
descontados a peso de ouro,
querendo mostrar que assim não é possível,
o que outros tão bem fazem.
Ide, semeai o que vos ensinámos,
mostrai ao mundo que somos,
não esses parasitas temporários,
mas pessoas fortes que sabem,
que continuam a acreditar
um dia ser possível,
pessoas que riem e que choram,
não por serem lerdos nem piegas,
mas porque SENTEM e AMAM.
Mas se fordes voltai um dia,
por favor,
com nova mente e vontade
ajudai os que cá ficam
a esconjurar e expulsar
esta reles escumalha!!