terça-feira, 26 de abril de 2016

Diz que não meu irmão



Meu irmão, meu amigo,
Nunca te deixes subestimar,
Por nada nem por ninguém.
Nem tampouco te cortem as asas
Dos sonhos, da vontade ou da vida,
Nem prezem o valor que há em ti,
Não sejas depósito residual de outros.
Nem aceites nada pela metade,
Meias verdades são meias mentiras,
São num todo deslisura.
Menos ainda meios amores,
Que de manhã o parecem ser,
E à tarde mostram que não,
Caindo a noite num vazio inútil,
De nada ter, nada ser nem colher.
Acordarás no dia seguinte,
Sem saber com que contar,
Apenas aquela angústia sufocante.
Não mendigues afectos,
Ou atenção e respeito que mereces
(Como qualquer ser humano).
Nem que te coartem as palavras,
(Por mais banal a conversa)
Quando a vontade não é ouvir-te,
Mas apenas te contradizerem
Para justificarem seus instintos.
E se algum dia alguém te abandonar
Mesmo que por algum erro teu,
Isso meu irmão, meu amigo,
Não foi mais que uma desculpa
P’ra te descartar e ficar de consciência limpa.
Muito menos esperes humildade,
Que não se mede apenas em palavras,
Mas nas atitudes que as acompanham.
Não aceites migalhas meu irmão,
Não corras por quem não te procura,
Nem por quem não chama por ti.
Deste de peito aberto o que há em ti,
Se amares demais não te importes,
Desde que não percas o teu ser.
Fizeste a tua parte, foste tu,
Inteiro, íntegro e impoluto.
Meu irmão, meu amigo,
Não te consumas com intrigas,
Enredos e implicâncias
Que são de outros que não teus,
O teu mundo não é esse,
Não são feiras de vaidades.
É simples e escorreito,
Na autenticidade dos sentimentos,
Como quem tão bem te conhece
O reconhece e valoriza.
Isso, meu amigo,
É o mais importante
E que fica intacto no final.


(Abril 2016)