perguntei ao mar por alvíssaras
do reino encantado onde um dia
vislumbrei por entre a neblina
uma sereia e seus encantos
em tudo iguais no seu ser
às histórias de encantar e sonhar
que só uma inocente criança entende
ou um homem feito na sua inocência
e em cujo peito ainda acredita
que a magia dos gestos e sentires
dos olhares transparentes, simples
ainda existem neste universo
que a beleza e candura são possíveis
e que o tempo traçado dia a dia
torne recto este mundo controverso
e que das linhas e traços tecidos
com ardor, paciência e vontade
se desbrave um rumo certo
e é esse o caminho do homem feito
acreditando na sua esperança
dando e fazendo aquilo que é
em todo o seu ser e sentir
construindo pedra a pedra
aquilo que partindo de si, se dá
sem fadiga, sorrindo serenamente
pois que são sorrisos o que procura
nos afagos que docemente acaricía
apenas por ser mel e bem-querer
o que do seu peito brota
levando o calor, colo e ternura
a essa sereia bela e encantada
que tanto encanta no seu canto
na sua voz, rosto e ah...no seu sorriso
e o mar não responde mas
entoa àquele homem feito,
tal como à criança que na praia
corre e salta e pula e faz castelos,
canções de embalar e acalmar
que as ondas claras transmitem
ao abraçarem a areia fina
e a criança alegre entende
e molda o seu castelo e ameias,
e o homem feito entende
que o sonho se constrói com as mãos
(Adriano Costa, 7 de Outubro)