terça-feira, 29 de setembro de 2020

esperança

que a cruz pesada feita de ferro 
forjada por mil e uns cuidados
pelas lágrimas vertidas sem chorar
pelo suor da labuta sem ver fim
pelo sangue derramado como feridas

se transforme, não por milagre
mas pela tenacidade e amor
pelo bem fazer sem ser notado
em coloridas, suaves e leves penas 
sem serem de dores e silêncios feita

que as noites mal dormidas e escuras
dêem lugar ao sonho e sono tranquilos
iluminadas pela luz e brilho desse teto
que as estrelas por cima no céu forram
pousando serenamente nos teus olhos

na bonança permanente de esperança





segunda-feira, 21 de setembro de 2020

correntes do mar alto

que vi em ti naquele dia de cores

e em todos os que se seguiram

que deslumbrado feitiço de luz

ou singular canto de sereia

me prendeu cativou e eternizou.


minha alma perdida e corpo inerte

choram perante a tua indiferença

das promessas em vão rasgadas

do dizer e desdizer que tu assumes

amigo hoje, ontem e amanhã nem sei.


apenas sei que nada sei de mim

como uma criança perdida e sofrida

no meio do vazio cheio de gente

de quem nada quero nem consigo

querer ou seguir outro caminho.


este sentimento não veio ao acaso

não se consegue dar ordem de despejo

nem adulterar o que à alma pertence

nem outro ousará poder possuir

assim sem rumo, sentido ou destino.


só lhe restará sózinho navegar 

em movimentos trôpegos sem ritmo

no turbilhão das ondas em mar alto

procurando sentidos que não o amor

pois o que é único morrerá comigo.


(16/09/2020)