sábado, 4 de agosto de 2012

LIBERDADE

3-08-2012

A que preço se pode viver
Se pode sentir e ter
Todo este sentimento
Toda esta plenitude
Que uns morrem para a ver
Outros matam em seu nome ?
Recuso apenas usufruir
A liberdade de pensamento
Prisioneira de cada mente
Algumas dementes
Outras arrogantes
Outras ainda vazias
Prefiro a cabeça erguida
Mesmo se para tal
Me impedirem a vida.
Recuso a arte de quem a quer
Sem olhar para o seu lado
Outro ser desprotegido
Espezinhado e marginalizado
Animal ou humano
Em que tão distantes estão
Os actos e gestos solidários
Que para um a ter
Outro fica despido.
Recuso a liberdade
Que permite o maltrato
De outro igual rico ou barato
Recuso a liberdade
Que dentro de casa
Ousa infligir a face o corpo
A mente ou a dignidade
De quem quer que seja.
Recuso a liberdade
Do desprezo e desconfiança
Que humilham e desvalorizam
A grandeza doutro ser.
Liberdade é amor
Como o amor é liberdade
De dar e aceitar
Aquilo que se é
E aquilo que se quer ser
Livremente num todo.
A liberdade tem um espaço
À minha e à tua volta
Que não ouso tocar
Pelo respeito do teu espaço
Do teu tempo e do meu.
Mas sou livre de sonhar
Sou livre de discorrer
De contradizer
E de contrariar
Sem perder a liberdade
Da minha paz de espírito
Se a razão de outra voz
O interesse não merecer.
E sou livre de correr
Pelos prados e planaltos
Por montes e vales
Saborear os salpicos frescos
Que saltam na praia estendida
Trazidos pelo vento e pelo mar.
Liberdade rima com responsabilidade
De ser acompanhada
Por gestos e actos
Que a definem mais que a palavra.
Liberdade rima com vontade
De fazer o pino na rua
De subir àquela árvore
Ou rir às gargalhadas
Sem receio da crítica mordaz.
A liberdade respira-se
Bem cá dentro de nós
Está na alma e no sangue
Que corre e dá vida
Livre de si mesmo
De seus medos e anseios
Solta-se por vezes em prantos
De lágrimas sofridas que explodem
Em dores e lutas inglórias.
Mas vale a pena o suor
Para que a liberdade
Não seja uma palavra vã
Limitada ao meu ser.



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