terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O QUE AS GAIVOTAS ME DISSERAM

27-02-2012

GAIVOTAS

Parado no murete junto à praia,
olhando o mar calmo a espraiar-se,
nesta solarenga manhã de Inverno,
gaivotas saltitavam pela areia,
em busca de algum resto
de suspiros e desejos
que corpos e almas sedentas,
pela  noite dentro largaram.
E aquela gaivota de asas recolhidas,
junto a mim veio pousar,
 como se eu não existisse,
fizesse parte apenas do cenário
estático e sereno.
 Lendo o divagar do meu pensamento,
fixando o nada do horizonte,
numa contemplação pacifica,
me disse no seu piar sapiente,
que o mar também morria,
que o vento também se desvanescia.
Que a força do mar,
na languidão de uma onda
morre na areia junto à rocha
e que o vento sôfrego se desfaz
em mil brisas como num lamento.
Nessa bonança estendida,
que teimosamente persiste,
de gaivotas em repouso
e pescadores pela maré esperando,
 lembro as tempestades e tormentas
de dias chuvosos e escuros.
E antes essas que o tempo apaga,
que o vendavel das intrigas,
da inveja e cíume.
Antes a verdade dorida,
mas autêntica e íntegra,
que a dúvida e falsidade.
Antes amar mesmo padecendo,
pois todo o crescimento dói
de coração e alma escancarada,
que fechado numa concha,
inerte e só no fundo do oceano.


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