sexta-feira, 4 de maio de 2012

A CABRINHA QUE DESCEU DA SERRA

03-05-2012

Cabrinha nascida na serra
que por entre caminhos e pedras
pequenina e muito mimosa
pulavas e saltavas radiante
ora subindo as altas escarpas
ora num ápice descia ao ouvir
o toque do rancho ou do colo
que em sopas e migas à lareira
te cuidavam e mimavam
era rápido e lesto o repasto
querias avidamente os vales correr
numa ância alegre de viver
que ainda hoje faz de ti ágil.
Pulaste de montes e horizontes
teus caminhos feliz percorreste
crias deliciosas geraste e amamentaste
e novos frutos foste ensinando cabrinha
teu balir feito sábio,
teu olhar, tua vivência e teu exemplo
teu valor se fizeram respeitar
no pasto livre que tanto gostas
por isso és admirada e encantas
outros que como tu nesse verde prado
vão partilhando a mesma erva
bebendo da mesma seiva
e à tua volta rainha se agregam
admirando e se alegrando
da cabrinha ver chegando
altaneira e de olhar cativo
ora matreiro ora sedutor.
Em teu balir como um canto
suaves melodias vais trauteando
fazendo erguer de encanto
o olhar e os ouvidos do cavalo
com sua crina grisalha ao vento
ou ao touro bravio que se sustem
escutando embevecido teu chamamento.
Não só nas serras e nos montes
se detém traquina a cabrinha
lhe dá prazer junto com os outros
pular, saltar e bailar
como uma criança travessa
que alegremente joga ao eixo.
Peculiar esta cabrinha
pela praia procura o mar
por ele se deixa encantar
procurando como uma gaivota
pulando bem alto para a agarrar
voar nas asas do vento
seus sonhos e caminhos encontrar
para um porto seguro remar.
Tem um dom esta cabrinha
que o usa quando quer
pelos seus encantos e feitiços
como por artes de magia
em sereia se transforma
seduzindo com seu canto
seus olhos feitiços lançam
a quem por ela passa de dia
mas à noite como por encanto
volta a cabrinha a cobrir
seu manto de pele e veludo.
Foram dias foram anos
que a cabrinha foi conquistando
o tempo lhe deu sabedoria
mas a beleza sempre em alegria.
Continua doce cabrinha
a pular e a saltitar
teus olhos a cintilar
num constante pestanejar
risos e sorrisos vais deixando
teu perfume a jasmim exalando
num suave aroma no ar
nos nossos verdes campos espraiar.


1 comentário:

  1. A cabrinha que nasceu na serra sente-se por ela liberta para correr, saltar.
    Saltitando em passos de dança por serras e serranias onde o olhar pestanejante se sente penetrante por entre a paisagem verdejante. Corre veloz alegremente por caminhos sinuosos em busca do quê?
    Sabe-se lá o porquê, apenas este corre corre é o chamamento da vida que teima em ser vivida desta forma com alegria e alguma magia.
    Será do ar da serrania?

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