quinta-feira, 3 de maio de 2012

ENCURRALADO

03-05-2012

Habituado à liberdade do espaço
Do próprio ar que fundo respira
Sente-se o touro no seu pasto rodeado
De cercas e estacas aprisionado
Tal como o cavalo ainda ontem corria
Livre ao vento pela sua pradaria
Sente o seu âmago encurralado.
É um tempo transitório
Definido pelas circunstâncias
De outros mais velhos e débeis
Do touro e do cavalo precisarem
Que só o tempo e a determinação
Podem cumprir sua obrigação.
Destemido em sua própria índole   
Amantes dos horizontes e verdes pastos
Querem o touro e o cavalo sentir
De novo esse contentamento
De correrem e de sentirem
O ar respirarem
E o mar abraçarem
Desocupados e encurralados
Atentos a nada a outros afectarem
Aproveitando a noite em que sós
Podem discorrer em liberdade
Por sonhos, pensamentos e desejos
Que sem pressa se transformem
Em doce e suprema realidade.
Ambos têm força e porte
De crina ao vento levantada
Ou pelo fogo que pelas narinas deita.
Que levem horas ou dias de faina
De amarras, sufoco e sacrifício
A breve trecho hão de concluírem
As suas obrigações e devoções
Fainas projectadas hão de criar
Para darem sentido ao tempo
Para de novo sentirem o vento
O ar da liberdade e movimento
E partilhá-los alegremente
Sem outras pressões nem cercas
Que apenas as do sentimento
Sem pressa das horas e do tempo 
Com quem semelhante a ele preza
Os mesmo sentidos e emoções.


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